segunda-feira, 27 de abril de 2015

Galo No Detalhe #19 - O Diálogo entre o Galo e um Deus do Futebol


Uma fonte fidedigna, como adoramos dizer nós jornalistas, me contou como foi um encontro épico, realizado logo após a primeira partida final do Campeonato Mineiro, no Gigante da Pampulha.

Um dos mais influentes e decisivos Deuses do Futebol mandou chamar em sua luxuosa sala o Galo. 

Um encontro inédito até então. O tal Deus não conversara com ninguém nos últimos anos.

E lá foi o Galo, empolgado e intrigado, promover tal diálogo:

Toc, toc, toc...

- Entre, a porta está aberta.

- Olá, boa noite, Eu sou o Clube Atléti...

– Eu sei, Galo! Te conheço bem. Sem formalidades comigo.

- Ué, mas o senhor nunca conversa com ninguém?!  

- Mas só eu sei quantas quartas–feiras de sono você me tirou nos últimos tempos, com essas suas insistentes viradas históricas, torcida emocionada e tudo mais. Meu telefone não para de tocar com pedidos de seus apaixonados seguidores. E se eles soubessem que eu não fiz quase nada pra te ajudar hehe. Melhor deixar isso quieto. Te chamei aqui por outro motivo. Você não recebeu meu recado?

- Recebi, sim. Mas não entendi direito.

- Percebi. Eu preparei todo o terreno, te trouxe de volta diversos apaixonados perdidos, te dei a chance de mostrar ao Brasil quem manda no Mineirão, colori em preto e branco cada pedaço cinza desse gigante que ansiava por paixão e emoção de verdade e não lhe pedi nada demais. Apenas um descanso. Que você vencesse logo no primeiro jogo e parasse com essa história de reverter resultados em cima da hora. Custa?

- Mas, senhor... A Caldense é um bom time, bem armada e não toma gol nem por reza

– Opa! Aí não. Você se concentrou? Me pediu direito? Nada, foi tocando pra lá e pra cá só por que não tinha que fazer dois gols de diferença que eu sei.

- Não adianta tentar enganá-lo, né? Verdade. O senhor tem mesmo certa razão. Mas eu não consigo explicar. Estou viciado. Sem emoção ao extremo eu não consigo viver. Me distraí vendo aquela festa linda e como não tinha nada para reverter nos minutos finais acabei me esquecendo.

- De defender pênalti no último lance, fazer gol depois dos 40 do segundo tempo, e reverter desvantagem de 2 a 0 você não esquece né, rapaz.

- É. Difícil me imaginar vivendo sem isso. Virou um combustível. E devo admitir. Eu adoro isso. Não só eu, mas meus milhões de companheiros que reclamam, mas no fundo não sabem viver de outra maneira.

- E aí. O que eu vou fazer com vocês, hein? Você não vai esquecer essa história de vingança nunca mais?

- Olha, o senhor mais do que ninguém viu o tanto que sofri nesses tempos. Quantas sacanagens. Desculpa, mas minha vingança está só começando.

- Agora você PRECISA vencer a Caldense. E aí?

- Disse bem. Preciso. E uma de suas maiores criações disse em 2013: “Quando tá falando tá valendo”.

- Você é fogo hein, moleque.  Já pensou que coloquei o Inter no seu caminho, pra começar em casa?

- Já. Não vai ser fácil, mas o senhor já me colocou desafios piores né.

- Tá ok. Pode ir embora, já vi que você não vai mudar mesmo, é.

- Não é que não quero. Eu não sei mudar mais.


- Vai nessa então Galo. Vai ser feliz. Desse seu jeito maluco, vai ser feliz. 


Twitter @allanpassus

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